Integrantes de partidos do chamado centrão apostam em apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a resistência da equipe econômica à prorrogação dos repasses de recursos a municípios –medida que faz parte do acordo para que as siglas aceitem o adiamento da eleição municipal.
A avaliação é que, para atender à nova base na Câmara, Bolsonaro seria mais sensível aos apelos de partidos como PP e Republicanos do que ao plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de usar os recursos que ainda não foram transferidos para cobrir outras despesas, como a prorrogação do auxílio emergencial a trabalhadores informais.
O impasse com a equipe econômica envolve acordo, costurado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para prorrogar os repasses de recursos a municípios. A transferência da União está prevista em medida provisória que garantiu que, de março a junho, prefeituras e governos estaduais não tivessem perdas no FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e no FPE (Fundo de Participação dos Estados), apesar da forte queda na arrecadação federal.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, participou de videoconferência com dirigentes da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e prefeitos representantes das cinco regiões do país na última segunda-feira (29). Os gestores apresentaram vários argumentos e defenderam o adiamento das eleições deste ano para 2022 em função do novo coronavírus: “É impossível realizar o pleito neste ano,” defenderam.
Dentre os argumentos apresentados no encontro virtual, o de maior peso destacou que não há garantias de se manter a integridade da saúde do eleitor. “É impossível garantir que o pleito aconteça com zero risco de contágios. Não há vacina e a aglomeração é parte do processo,” argumentaram.
Os gestores também ressaltaram ao presidente do TSE que, na prática, as campanhas municipais dependem muito mais do corpo a corpo do que da internet. Foram apresentados dados para sustentar a afirmação: mais de mil dos 5.570 municípios brasileiros não possuem sinal ou banda larga; entre candidatos a prefeito, vice e a vereador, serão mais de 500 mil no país; as estruturas para as campanhas devem incluir, por baixo, cinco milhões de cabos eleitorais, o que significa muita gente em circulação. E vão se mostrar preocupados com a questão econômica.