Depois das declarações do Secretário de Estado da Segurança Pública, Jefferson Portela em 23 de junho dando conta de que, segundo ele, os três policiais civis que mataram Hamilton César foram ao local apenas entregar uma intimação e que o jovem teria recebido os investigadores com uma faca, não se tocou mais no assunto.
Nem mesmo o Delegado Regional de Presidente Dutra, César Ferro, se pronunciou sobre o ocorrido nos órgãos de imprensa local. Dentro da cúpula Secretaria de Estadual de Segurança Pública e da Polícia Civil o silêncio é sepulcral e ninguém consegue explicar o motivo da “Lei da Mordaça” implantada em relação ao caso Hamilton César.
De acordo com informações repassadas ao Blog de Adonias Soares por uma fonte que pediu anonimato, todo e qualquer servidor, seja ele delegado, escrivão ou agente, está terminantemente proibido de falar sobre o que realmente ocorreu naquela fatídica manhã de quinta-feira de 16 de junho de 2021 no Calumbi e como tudo teria acontecido.
Para parentes próximos do rapaz, talvez, essa seja uma estratégia adotada por Jefferson Portela para que a acusação que recai sobre os três policiais civis apontados pelos familiares de terem executado Hamilton César, caia no esquecimento e tudo volte ao normal, como se nada tivesse acontecido.
Enquanto todo esse silêncio é mantido, os moradores do Povoado Calumbi se movimentam, e a cada dia que passa mostram-se mais revoltados com a inércia da SEGUP e continuam exigindo justiça. “Nós não queremos que o assassinato do Hamilton caia no esquecimento e nem que seja mais um crime sem solução, sem apontar os culpados; a gente pede o empenho do Promotor, do Ministério Público e do Poder Judiciário. É somente com eles que podemos contar nesse momento de sofrimento e dor”, desabafa Ana Maria Lima, mãe de Hamilton César.
Os amigos de Hamilton César que moram e que conviveram com o jovem no Calumbí, dizem que as manifestações pedindo justiça, irão continuar.
Entenda o caso
No último dia 16 de Junho de 2021, segundo o Senhor Placides Ribeiro de 99 anos, bisavô de Hamilton, três policiais civis lotados na 13ª Delegacia de Polícia de Presidente Dutra, chegaram em sua residência, perguntaram com quem ele estava e teria respondido, “só com meu filho”. Ao sair de dentro do quarto ao lado, Hamilton César foi atingido com três tiros e em seguida jogado dentro da viatura e levado ao hospital, onde já teria chegado sem vida.
Na versão dos policias, relatada em Boletim de Ocorrência, Hamilton, que tomava remédios controlados, estava muito nervoso e descontrolado partindo para cima dos investigadores com uma faca e para não serem atingidos, reagiram atirando. A família nega essa versão.
O caso está sendo investigado pelo Delegado Felipe César da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP). Abaixo vídeos gravados por Hamilton antes de ser assassinado.
“Esse era o Hamilton que colocava medo em todos os moradores do Povoado Calumbi? Pergunta Érica Lima, irmã do jovem, em tom de revolta.